“Vivemos hoje em um terrorismo nutricional”- essa é o título do capítulo de abertura da minha leitura do momento: O Peso das Dietas, da nutricionista doutora da USP – meio francesa e meio brazuca – Sophie Deram. Quando vi ela a primeira vez, numa entrevista no programa da Rita Lobo (sou viciada em programas de culinária), a ouvi dizendo que era necessário fazermos as pazes com nosso corpo, aprender a respeitá-lo e, principalmente, a ouvi-lo.

Por coincidência, eu havia recentemente voltado da França, onde passei 3 meses realizando um sonho de infância. Antes de embarcar, estava na minha “melhor forma” (leia-se menor percentual de gordura), até então. Brinco que a gastronomia francesa me corrompeu um pouquinho, afinal tem dó né?! Seria até pecado dizer não às delícias do lugar do mundo que mais entende de comida (especialmente de doces, aaaah os doces!). Fui muito feliz enquanto estive na Cidade Luz, mas quando voltei ao Brasil, as coisas desandaram um pouquinho no aspecto “dieta”.

Movimento #ComerPraSer | Fru-fruta

Cheguei no meio de novembro e trouxe comigo alguns quilos a mais, tanto na bagagem e quanto meu corpinho. Era quase verão e começou a bater aquela vontade de servir nas roupas do verão passado. Voltei à rotina de alimentação saudável e aos exercícios, mas o corpo demora pra entender que não precisa mais de toda aquela gordurinha extra, já que estava bem mais frio no Velho Continente.

Então chegou o amontoado de festas que chama-se Dezembro. Aniversário daqui, festa de fim de ano acolá. Panetones, chocotones, delícias sem fim. Eu, com a minha insatisfação pessoal com aqueles quilinhos importados da viagem, comecei a ver perigo por tudo: a mesa de delícias natalinas era cilada, o drink de boas-vindas, o inimigo. A mesa de sobremesa, então? O chefão da última fase do jogo. Eu queria comer, mas não “podia”. E por quê? Porque tinha enfiado na minha cabeça que precisava emagrecer pra poder aproveitar o verão.

É, assim mesmo. De chegar a sentir medo daquela bombonière cheia de chocolatinhos “perigosos” sobre a mesa. E aí lá pelas tantas eu comecei a ceder à vontade de comer: “só um pedacinho, eu juro”. E o pedacinho puxava outro, que dava vontade de comer mais um, que me fazia pensar: “ah, agora já era, vou comer quanto eu quiser”. Essa situação se repetiu algumas vezes nos dias e no mês seguinte. Só de olhar para uma balança, sentia arrepios. Então percebi que talvez estivesse com um pézinho em um distúrbio alimentar.

Eu, que nunca tinha tido problemas com meu corpo ou com a minha alimentação (tirando as minhas restrições alimentares por conta de intolerância, mas isso é OUTRO papo), comecei a perceber que tinha algo errado com aquele comportamento. Voltando ao dia que ouvi a Sophie falando na TV, me peguei pensando: “É, preciso mesmo fazer as pazes com meu corpo”. Depois de ver alguns vídeos da Mari Milanezi (uma amizade presenteada pelo Fru-fruta) falando sobre a história dela, as dietas e a compulsão, vi que ela tinha comprado o livro da nutricionista. Encomendei o meu no mesmo dia.

O livro, junto com tantas outras informações que reuni sobre alimentação nos últimos tempos, me deram apoio pra perceber que algo estava errado. Mas veja só, eu, uma mulher de 25 anos teoricamente bem resolvida, quase entrei em uma paranóia que poderia me levar à um distúrbio alimentar.

Parei pra refletir sobre todo esse terrorismo nutricional, todas essas imagens de corpos “perfeitos” (e muito, muito magros) que são exaustivamente postadas nas redes sociais, todas essas histórias de sucesso: pessoas que perderam 10, 15, 30kg graças ao seu #foco, #força e #fé. Mas é claro, as pessoas só públicam as histórias de sucesso. E as de fracasso?

Movimento #ComerPraSer | Fru-fruta

Naquele programa “É de Casa” que passa na Globo no sábado de manhã, apareceu o caso de uma menina de 10 anos que queria muito mudar a alimentação. O motivo? “Ficar mais magra, mais bonita”. Reparei que meninas e adolescentes, que deveriam estar brincando de boneca ou pintando as unhas com as amigas, estão entrando paranóias alimentares. A própria Sophie relata em seu livro casos de meninas que acham “injusto” ganharem curvas na puberdade – enquanto os meninos emagrecem (devido à testosterona). Mas oras, como a própria doutora conclui: “não é isso que faz sermos mulheres”? Não é a gordurinha que molda o quadril, aquela celulitezinha que teimam em demonizar?

Movimento #ComerPraSer | Fru-fruta

Sophie Deram – O Peso das Dietas

Perder o prazer de dar a primeira garfada em um bolo de aniversário, de dividir o pão feito pela sua vó no final de semana… tudo isso pra quê? Pra ser magérrima(o)? Pra provar que tem um #objetivo, que não dá #desculpa, pra mostrar a barriga seca no Instagram? Pra influenciar de forma negativa meninas e meninos que desenvolvem medo de comida, desregulando seus metabolismos desde muito novos?

Sou super à favor das redes sociais, dos blogs, de quem produz conteúdo responsável e de qualidade. O Instagram é uma ferramenta muito poderosa, que inclusive me apresentou pessoas incríveis. E por isso nós resolvemos nos juntar num movimento que vai na contramão da tendência de perfis que pregam dietas restritivas. Queremos evidenciar o prazer de comer comida de de verdade, que compartilhar uma boa refeição com quem a gente gosta é uma das melhores coisas da vida. E sim, é possível aliar esse prazer com saúde. Com um pouco de bom senso, podemos comer de tudo sem nos sentirmos culpados ou fracassados, mantendo uma boa saúde física e, principalmente, mental.

Movimento #ComerPraSer | Fru-fruta

E assim nasceu o movimento #ComerPraSer. Queremos semear o prazer de comer comida de verdade, de compartilhar uma boa refeição e de sentir-se bem consigo mesmo. Acreditamos que ser saudável é estar seguro de si, e do que está em seu prato. Sem estresse, sem sem culpa, mantendo uma boa saúde por fora e por dentro.

Comer pra ser feliz, pra se sentir linda, pra estar de bem com a vida! Por isso convidamos à todos: use a hashtag #ComerPraSer em suas fotos nas redes sociais e nos ajude e participe desse movimento pela felicidade.

Instagram Comer Pra Ser

Facebook Comer Pra Ser